11 janeiro 2006

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


AUTOPSICOGRAFIA - Fernando Pessoa

Um comentário:

Anônimo disse...

Estimadas amigas,

Agradeço pelas refrescantes doses de leituras fornecidas.

Um respeitoso amplexo,
Ozicran