16 maio 2006

Hoje estou muito triste. Resolvi, depois de muito tempo, tentar assistir ao jornal nacional pra saber um pouco mais sobre o que está acontecendo, em São Paulo principalmente. Tentei ligar o filtro, muito necessário quando se recorre à Rede Globo, e que parece que ela já conseguiu excluir do cérebro da maioria dos brasileiros. Fiquei muito chateada. Desiludida mesmo. Frustrante perceber que não só as pessoas estão se matando desenfreadamente, mas que isso virou coisa normal. Normal mesmo. Já faz parte das nossas "normas" de convivência.... a desigualdade, a desonestidade, o descaso atingiu a todas as esferas da sociedade. Tenho muito medo. Medo de perder a fé no homem. Quando penso nisso me culpo, me condeno, porque tento me lembrar de uma frase que uma vez o Pe. Mário me disse: "Deus não teria criado o mundo se não soubesse como redimi-lo". E daí, quando penso nisso sofro mais ainda. Por nos reconhecer tão fracos, tão limitados, tão egoístas...
Estou triste. Triste de ver que os excluídos, os humilhados, os esquecidos pela "sociedade", pelo governo, pela vida enfim, pra serem ouvidos, para se sentirem incluídos, para se sentirem pertencentes a essa nossa cultura do consumo, a essa realidade de "poderes", de quereres, de futilidades, precisam, eles, tornarem-se os algozes. É triste que pra serem vistos por nós, que, se não os abandonamos ao pé da letra, nos calamos e nos omitimos frente a esse abandono. Que precisem, eles, passarem de oprimidos a opressores. De vítimas a carrascos. Isso não os exime da responsabilidade? Não. Não diminui a gravidade de seus atos? Não justifica essa violência? Certamente que não. Mas quem consegue condená-los sem olhar para o seu próprio umbigo e reconhecer a sua própria culpa? Só alguém que seja tão conivente com essa realidade. Ou tão cego que já não pode ser capaz de sequer se olhar no espelho. O que vê não pode ser a si mesmo, mas a uma máscara enrijecida e disforme de algo que não somos. De algo que não foi o que Deus criou. De algo que não é a Sua imagem e semelhança. Quantos Cristos mais serão necessários? Quantas vidas mais serão tomadas? Quantos mais irmãos teremos que dizimar para compreender que não somos nós os poderosos?
Estou triste, chateada, deprimida, envergonhada, culpada.... estou pasma. E com medo, muito medo de perder a fé na criação. E com mais medo ainda de que tudo o que eu seja capaz de fazer seja escrever, no conforto da minha casa, no meu “Personal Computer”, sabendo que, por pior que seja a minha noite de sono - por estar triste - ela acontecerá numa cama quentinha, ao lado do meu irmão, com a minha família por perto...

Senhor, perdoai-nos, nós não sabemos o que dizemos....
Ila - 16 de maio de 2006

Nenhum comentário: