03 julho 2006

aos que amei

Hoje eu queria escrever um texto especial. Para pessoas que, por diferentes motivos, não estão fazendo parte da minha vida neste momento... tenho me dado conta de que a vida é assim; cíclica, dinâmica. As pessoas, as coisas, vão e vêm. Como diria Drummond, “as coisas que amamos, as pessoas que amamos são eternas até certo ponto. Duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade(...)” Parece meio triste, né?! Meio determinista, pessimista até. Já vi este poema com esses olhos também. Hoje não vejo mais. Realmente as coisas e pessoas duram o infinito variável no limite de nosso poder... as coisas e as pessoas vêm e vão. Mas não fazem isso impunemente. Ninguém, ninguém mesmo, que fez parte intensamente da minha vida, fez isso sem deixar em mim marcas profundas. As que ficam, também ficam pelo infinito variável no limite de nosso poder. Poder de suportar muitas coisas. Poder de suportar mudanças, poder de suportar transformações, poder de continuar trilhando o mesmo caminho por opção, e não por falta dela. Limite do nosso poder de entender que uma águia e um falcão amarrados pelo pé, nunca vão conseguir voar. Assim como nós. Só poderemos voar juntos se isso for uma escolha, um desejo. Quero te dar a mão e suportar a correnteza, as mudanças da maré. É minha opção não largar da tua mão. E tua opção não largar da minha. Mas isso também depende do infinito variável no limite de nosso poder. Larguei a mão de algumas pessoas, na correnteza. Pessoas também largaram a minha mão. E, apesar de no momento em que isso aconteceu, eu ter conseguido unicamente enxergar que minha mão estava vazia, que por ela só escorria água, hoje, depois de baixar a maré, consigo ver que ter permanecido de mãos dadas naquele momento, só teria feito com que ambos morrêssemos afogados. Ás vezes é fundamental conseguir perceber que o infinito variável no limite de nosso poder, tem que variar com o objetivo de nos fazer permanecer vivos. Queria ter tido a chance de ter dito mais vezes, enquanto a maré estava baixa, antes da correnteza, que nossas mãos juntas me fizeram ter confiança pra deixar as margens, pra me aventurar... principalmente, queria ter podido dizer mais vezes, que foi o tempo em que nossas mãos permaneceram juntas que me fez conseguir nadar sozinha depois que elas se soltaram; que foi a certeza das mãos que um dia estiveram unidas que me fez ter tido forças pra largá-las no momento certo; que nos fez continuar vivos. Acho que não tive. Ou não aproveitei o suficiente as chances que tive. Por isso esse texto hoje. Pra que essas mãos, hoje afastadas, soubessem que a união delas é que me fez assim, como eu sou hoje. O tempo que nadamos juntos está guardado na lembrança. Está marcado nas minhas mãos e na minha alma. Agora que nadamos separados, é o momento de buscar outras mãos. E de novamente exercitar continuamente o infinito variável no limite de nosso poder. Pra continuar vivos. Desejo, que não só as mãos que hoje nadam comigo, mas que as que nadam (ou que ainda estão por vir nadar) com as mãos que deixaram de nadar com as minhas, permaneçam juntas enquanto isso nos fizer viver. E que isso seja, pra nós, o poder de respirar a eternidade.
Ila - 02 de julho de 2006

Um comentário:

Anônimo disse...

em homenagem a tua santa boca: caralho, q texto bom. j